(Escrito durante uma aula que tinha tudo para ser muito boa, exceto o professor)
E eis a sublime arte da picaretagem, meus caros!
Almanaque Abril, Wikipédia e chamada ao final da aula em pleno terceiro ano de faculdade. Oh, céus. Estaria eu por acaso no terceiro ano do ensino fundamental e não sei?
Francamente.
O melhor a se fazer é, então, escrever para passar o tempo, não?
Ferro de passar roupa, tomada, eletricidade, água, tábua.
Tempo se passa com vinco ou sem vinco?
Droga, minha mãe sempre me disse que eu precisava aprender a passar roupa, não tempo.
Uma borrifada d'água aqui, uma dobradinha ali; não deve ser assim tão difícil, afinal. Só é preciso muito cuidado para não queimar, tempo queimado cheira mal, causa estresse e bolhas nos pés.
Lá lá lá, e, voilá!, um tempinho passadinho rapidinho!
...
Bah. E que faço eu agora com todo o tempo que ainda está por passar?
Tenho a impressão de que ele ficaria muitíssimo melhor passado se eu não estivesse assistindo à essa aula "nem um pouco" picareta.
Sim, de fato.
Sinta o gosto dele, realmente está muito mal-passado, não?
Quase cru, eu diria; veja só todo o sangue que ainda escorre.
E nem adianta deixar mais um pouco no fogo, tempo mal passado é imutável, permanece assim para sempre, como cinza de lembrança.
Para que o tempo fique bem passado é necessário que assim seja desde o início, como você bem deve saber.
Desde o início.
E o quê seria o início?
Ora, o início do tempo relativo é relativo, o início do tempo absoluto é absoluto.
Agora, o que de fato seria tempo, relativo, absoluto e, conseqüentemente, o início, "decifra-me ou te devoro", a resposta para todas as perguntas não passa de um pedaço de queijo suíço com quarenta e dois buracos de diferentes tamanhos. E tamancos brancos. Francos. Aos prantos.
...
"Já houve um tempo em que o tempo parou de passar/ E o tal do Homo sapiens não soube disso aproveitar"