quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pensamentos Livres e Idéias Intraduzíveis

Um mundo de idéias passeava pelo meu cérebro.

Pensamentos dançantes saracoteavam sem pudores por todos os lados, despidos de toda e qualquer regra gramatical ou coerência verbal.

Eram simples idéias existindo, pulsando, dançando a Macarena.

Pensamentos intraduzíveis vestidos de piratas jogando dominó.

Pensamentos apalavreados bebendo Dinamites Pangalácticas e cantando Roberto Carlos.

Pensamentos livres.

Pensamentos pura e simplesmente livres.

Tive então a ousadia de sentar-me à frente do computador para escrevê-los.

Forcei-os a parar, enfileirei-os, etiquetei-os.

Tentei persuadi-los a se submeterem à gramática, às letras, às palavras.

Mas eles eram livres.

Eram meus pensamentos livres e minhas idéias intraduzíveis.

Se os explicasse e os transformasse em palavras eles não mais seriam meus, não mais seriam livres.

Acabariam por se tornar apenas outra idéia jogada na prateleira do supermercado de idéias, comum, barata e empoeirada.

Não teriam mais a menor graça!

Resolvi então deixar que eles continuassem a fazer o que quer que um pensamento livre gosta de fazer com uma idéia intraduzível altas horas da madrugada e ir procurar por vida inteligente na mancha verde de mofo que surgiu no pedaço de pizza esquecido na geladeira desde o mês passado.

...

3 comentários:

l u a * disse...

há.
eu odeio isso, mas sabe? em algum lugar do passado, antes de eu descobrir o cigarro eu descobri um vício MUITO pior. o verbalizar. eu verbalizo até o que não existe palavra pra verbalizar.


(é por isso que eu escrevo textos quase forçadamente. leio, odeio, e deixo. e, depois que o pensamento foi dar em outra freguesia, eu gosto. porque eu já nem lembro do fresco que era a idéia-idéia, olha só. e aí qualquer porcaria já serve)

l u a * disse...

[aí, tá vendo? eu PRECISAVA ter dito tudo isso? pre-ci-sava?)

Tati Leutwiler disse...

É o vício de escrever que faz mal (ou bem) para a própria escrita. Porque não importa o que a gente vai escrever, o importante é escrever, apenas isso.

E sabe de uma coisa? Já sinto que passou da hora da Rainha Desvairada de Renorah aparecer com notícias. Ou não. Ou sei lá.

É. Sei lá me parece mais conciso.