quinta-feira, 26 de junho de 2008

A lagartixa

A lagartixa permanecia estática no alto da parede.
De sua posição elevada possuía uma visão privilegiada do recinto.
Observava atenta o ir e vir daqueles seres enormes, desengonçados e de difícil compreenção.
Eles estavam sempre por ali, por lá, por todos os lugares. Era impossível ir à qualquer lugar sem encontrar pelo menos um deles, nem que fossem daqueles menorzinhos com cara de bolacha que ela imaginava que fossem os filhotes.
Isso se aqueles seres realmente fossem bichos que pudessem ter filhotes.
Porque se fossem mesmo bichos, eram bichos tão... tão inúteis!
Os outros bichos dos quais ela tinha conhecimento pelo menos serviam para alguma coisa na grande cadeia alimentar do ciclo da natureza.
Agora, aqueles lá...
Eles apareciam, iam, vinham, faziam, aconteciam, desapareciam e não serviam pra nada.
Ela nunca havia realmente conseguido entender qual era o objetivo da existência daqueles seres tão grandes, tão desengonçados e tão sem-graça.
Vai ver que eles...
Observou então uma barata muito gorda e com aparência muito apetitosa.
Sem pensar duas vezes, resolveu deixar essas pseudo-filosofias de lado preparar-se para exercer mais uma vez o seu papel na cadeia alimentar.

"Fantasiando um segredo, o ponto onde quer chegar"

2 comentários:

Tati Leutwiler disse...

Que a pseudo-filosofia das baratas dava um livro eu já sabia... Agora, nunca havia prestado atenção à pseudo-filosofia das lagartixas...

É. As coisas que procuramos nunca estão onde pensamos que vamos encontrar, mesmo...
Whatever it means. o.Õ

Mariana Leutwiler disse...

só...